sexta-feira, 12 de junho de 2009

O dia dos namorados


O dia dos namorados

Carla estava preocupada, pois dentro de dois dias, chegaria o dia dos namorados, e ela ainda não tinha comprado nada para seu amor. Ela era uma menina linda, alta, morena de olhos castanhos esverdeados e um belo cabelo cacheado que ia até seus ombros. Tinha um porte físico de uma garota de uns 18 anos, embora fosse mais nova.
Ela saiu apressada de sua casa, em direção ao shopping, para comprar um presente para seu namorado. Porém quando lá chegou, foi que se lembrou... Ela não tinha namorado! O jovem com quem ela estava no momento, Júlio, não era seu namorado. Ele era apenas o cara com quem ela estava “ficando”, e provavelmente não passaria nem mais uma noite com ele. Não poderia lhe dar um presente de dia dos namorados, e infelizmente não haviam inventado o “dia dos ficantes”!
Foi então que ela percebeu o quão sem graça era “ficar”. Pois ao completar quinze anos, seus pais lhe deram permissão para namorar, e ela havia gastado este ano inteiro “ficando” com um, com outro... Nas suas contas, devida a sua beleza e popularidade, Júlio já era o vigésimo menino com quem estava “ficando”. É certo que com alguns dos meninos com quem “ficou”, teve algum sentimento, mas nada comparado ao amor.
Ela sabia que a culpa era dela mesma, pois ao procurar alguém para “ficar”, acabava por afastar aqueles que queriam algo mais sério. Enfim, ela havia criado aquela imagem de “quem só fica”, e “quem só fica”, não ama. Pois não dá tempo pro amor nascer, ainda que venha a chama da paixão, essa logo se apaga, e nem pode deixar cinzas, pois não tem o que queimar. O que é diferente quando se fala de um namoro, pois quando essa chama se acende numa relação de amor sempre deixa cinzas se vier a se apagar.
Carla se arrependeu. Ela trocaria toda sua popularidade, todos os vinte meninos com quem tinha “ficado” e os beijos que havia trocado, por um único beijo, de um verdadeiro amor. Ela queria um namorado de verdade, alguém para presentear nesse dia tão especial. Mas não havia tempo. Dois dias eram suficientes para encontrar alguém para “ficar”, mas não para amar, para namorar!
Ela então voltou para casa sem comprar o tal presente. Já estava consolada diante daquela situação, pela própria revelação daquele dia. Sim... Ela estava até feliz! Pois a partir daquele momento, seria outra pessoa! Não iria mais ficar passando de mão em mão, mas iria se preservar pra viver um grande e verdadeiro amor, que tinha certeza iria encontrar. E no próximo dia ano... No dia dos namorados... Teria alguém para presentear!




Marcelo Bancalero

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